A morte do ex-pugilista brasileiro Adilson “Maguila” Rodrigues reacendeu debates sobre os riscos do boxe e os impactos neurológicos do esporte. Maguila foi vítima de uma doença silenciosa e devastadora: a Encefalopatia Traumática Crônica (ETC), também conhecida como demência pugilística.

ETC: a doença que causou a morte de Maguila

Apesar de sua trajetória vitoriosa nos ringues, a saúde de Maguila começou a deteriorar ao fim da carreira, demonstrando as consequências de uma jornada marcada por repetidos golpes na cabeça.

Segundo especialistas, a ETC é comum entre atletas de esportes de contato, como boxe e futebol americano, devido aos traumas repetitivos sofridos ao longo dos anos.

O que é a Encefalopatia Traumática Crônica?

A ETC é uma doença neurodegenerativa causada por lesões repetidas no cérebro. Ricardo Eid, médico especializado em concussões esportivas, explicou em conversa com o Esportelândia que esses traumas podem ocorrer por impactos diretos ou indiretos, como golpes na cabeça ou movimentos bruscos de aceleração e desaceleração.

Quando a recuperação entre os traumas não é respeitada, os danos se acumulam, levando ao desenvolvimento da doença, que apresenta sintomas semelhantes aos de doenças como Parkinson e Alzheimer.

O cérebro sofre com o chacoalhão causado pelos impactos, o que pode levar a lesões nos vasos e nos axônios (conexões entre os neurônios). Com o tempo, isso provoca inflamações crônicas e um quadro demencial que se estende. – disse Dr. Fabrício Buzatto, médico do esporte e fisiatra (CRM/ES 9164), ao Esportelândia.

Os sintomas e o impacto no desempenho atlético

Atletas com ETC costumam apresentar sintomas progressivos, incluindo perda de memória, dificuldade de concentração, alterações de humor e problemas motores, como tremores e falta de coordenação.

A doença é conhecida por se desenvolver anos após a aposentadoria, o que dificulta o diagnóstico precoce. O jornalista Reinaldo Gottino destacou a gravidade dos danos no programa Balanço Geral:

O esporte de alta performance cobra um preço alto dos atletas. Assim como vemos as sequelas físicas em jogadores de basquete como Oscar Schmidt, o boxe traz consequências devastadoras para a saúde mental dos lutadores.

Prevenção: um desafio no boxe e em esportes de impacto

Embora seja possível minimizar os riscos de concussões com protocolos de segurança, como respeitar o tempo de recuperação após cada trauma, a prevenção total da ETC é quase impossível em esportes como boxe, onde o contato físico é intrínseco.

A única forma segura de prevenir a doença seria evitar pancadas na cabeça. – disse Dr. Buzatto.

O boxe, assim como o futebol americano, enfrenta hoje uma maior conscientização sobre os riscos neurológicos. As novas gerações estão cada vez mais alertas para os efeitos das concussões, e há um movimento global para reduzir a exposição de jovens a esses esportes de contato.

A morte de Maguila traz à tona uma reflexão necessária sobre a saúde dos atletas e a importância de políticas mais eficazes para proteger seus cérebros e garantir uma vida saudável após a aposentadoria.

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