O atletismo é um dos esportes mais tradicionais dos Jogos Olimpícos da era moderna, presente desde a primeira edição, em Atenas 1896. Nem todas as suas modalidades são disputadas no primeiro ano. O decatlo nas Olimpíadas começou em Estocolmo 1912.
Nessa competição, disputada apenas por homens, os atletas competem em 10 modalidades: 100m rasos, salto em distância, arremesso de peso, salto em altura, 400m rasos, 110m com barreiras, lançamento de disco, salto com vara, lançamento de dardo e 1500m.
O vencedor é considerado como o atleta mais completo, já que o resultado final será considerando o conjunto das provas. Venha com a gente para entender mais sobre o decatlo nas Olimpíadas e todos os campeões.
História do decatlo nas Olimpíadas

Nesse evento de modalidades conjuntas, os atletas inscritos disputam 10 provas em apenas dois dias. A primeira disputas nos Jogos Olimpícos aconteceu em Estocolmo 1912, a quinta edição do torneio.
O vencedor acaba por ser considerado o “maior atleta do mundo”. Isso acontece porque, com a vitória de Jim Thorpe, dos Estados Unidos, na primeira edição do decatlo nas Olimpíadas, o rei Gustavo V da Suécia afirmou para o americano: “você, senhor, é o maior atleta do mundo”.
Desde então, se formou uma tradição em reconhecer o atleta que recebe a medalha de ouro dessa forma. Mas uma disputa semelhante já existia antes. O pentatlo já existia nos Jogos Olimpícos da Antiguidade, o que incluia uma luta, que não acontece mais.
Antes do início das Olimpíadas na era modera, um “all-around” no atletismo já havia sido disputado, no Campeonato de Atletismo Amador dos Estados Unidos, em 1884. Uma de suas versões chegou a fazer parte de St. Louis 1904, mas, o decatlo moderno iniciou só em 1912.
Regras do decatlo nas Olimpíadas
A disputa acontece em dois dias. No primeiro, os atletas possuem as seguintes provas: 100m rasos, salto em distância, arremesso de peso, salto em altura e 400m rasos. Já no segundo dia, as modalidades são: 110m com barreiras, lançamento de disco, salto com vara, lançamento de dardo e 1500m.
Ao longo dos anos, o sistema de pontuação do decatlo foi mudando. Hoje em dia, os pontos são com base no modelo feito em 1984. Há uma escala que, sendo alcançada pelo atleta, as pontuações de 1000, 900, 800 e 700 pontos serão dadas.
Elas são apenas marcas para se alcançar o próximo nível, com os pontos podendo ser 950, por exemplo. Confira a tabela:
Prova | 1000 pontos | 900 pontos | 800 pontos | 700 pontos | Unidade |
100m rasos | 10.395 | 10.827 | 11.278 | 11.756 | Segundos |
Salto em distância | 7.76 | 7.36 | 6.94 | 6.51 | Metros |
Arremesso de peso | 18.40 | 16.79 | 15.16 | 13.53 | Metros |
Salto em altura | 2.20 | 2.10 | 1.99 | 1.88 | Metros |
400m rasos | 46.17 | 48.19 | 50.32 | 52.58 | Segundos |
110m com barreiras | 13.80 | 14.59 | 15.419 | 16.29 | Segundos |
Lançamento de disco | 56.17 | 51.40 | 46.59 | 41.72 | Metros |
Salto com vara | 5.28 | 4.96 | 4.63 | 4.29 | Metros |
Lançamento de dardo | 77.19 | 70.67 | 64.09 | 57.45 | Metros |
1500m | 3:53.79 | 4:07.42 | 4:21.77 | 4:36.96 | Minutos:segundos |
Pódios do decatlo nas Olimpíadas
Olimpíadas | Ouro | Prata | Bronze |
Estocolmo 1912 | Jim Thorpe (Estados Unidos) | Hugo Wieslander (Suécia) e Charles Lomberg (Suécia) | Gösta Holmér (Suécia) |
Antuérpia 1920 | Helge Lovland (Noruega) | Brutus Hamilton (Estados Unidos) | Bertil Ohlson (Suécia) |
Paris 1924 | Harold Osborn (Estados Unidos) | Emerson Norton (Estados Unidos) | Aleksander Klumberg (Estônia) |
Amsterdã 1928 | Paavo Yrjölä (Finlândia) | Akilles Järvinen (Finlândia) | Ken Doherty (Estados Unidos) |
Los Angeles 1932 | Jim Bausch (Estados Unidos) | Akilles Järvinen (Finlândia) | Wolrad Eberle (Alemanha) |
Berlim 1936 | Glenn Morris (Estados Unidos) | Bob Clark (Estados Unidos) | Jack Parker (Estados Unidos) |
Londres 1948 | Bob Mathias (Estados Unidos) | Ignace Heinrich (França) | Floyd Simmons (Estados Unidos) |
Helsinque 1952 | Bob Mathias (Estados Unidos) | Milt Campbell (Estados Unidos) | Floyd Simmons (Estados Unidos) |
Melbourne 1956 | Milt Campbell (Estados Unidos) | Rafer Johnson (Estados Unidos) | Vasili Kuznetsov (União Soviética) |
Roma 1960 | Rafer Johnson (Estados Unidos) | Yang Chuan-kwang (Formosa)* | Vasili Kuznetsov (União Soviética) |
Tóquio 1964 | Willi Holdorf (Equipe Alemã Unida) | Rein Aun (União Soviética) | Hans-Joachim Walde (Equipe Alemã Unida) |
Cidade do México 1968 | Bill Toomey (Estados Unidos) | Hans Joachim Walde (Alemanha Ocidental) | Kurt Bendlin (Alemanha Ocidental) |
Munique 1972 | Mykola Avilov (União Soviética) | Leonid Lytvynenko (União Soviética) | Ryszard Katus (Polônia) |
Montreal 1976 | Bruce Jenner (Estados Unidos) | Guido Kratschmer (Alemanha Ocidental) | Mykila Avilov (União Soviética) |
Moscou 1980 | Daley Thompson (Grã-Bretanha) | Yuriy Kutsenko (União Soviética) | Sergei Zhelanov (União Soviética) |
Los Angeles 1984 | Daley Thompson (Grã-Bretanha) | Jürgen Hingsen (Alemanha Ocidental) | Siegfried Wentz (Alemanha Ocidental) |
Seul 1988 | Christian Schenk (Alemanha Oriental) | Torsten Voss (Alemanha Oriental) | Dave Steen (Canadá) |
Barcelona 1992 | Robert Zmelik (Checoslováquia) | Antonio Peñalver (Espanha) | Dave Johnson (Estados Unidos) |
Atlanta 1996 | Dan O’Brien (Estados Unidos) | Frank Busemann (Alemanha) | Tomás Dvorak (República Tcheca) |
Sydney 2000 | Erki Nool (Estônia) | Roman Sebrie (República Tcheca) | Chris Huffins (Estados Unidos) |
Atenas 2004 | Roman Sebrie (República Tcheca) | Bryan Clay (Estados Unidos) | Dmitriy Karpov (Cazaquistão) |
Pequim 2008 | Bryan Clay (Estados Unidos) | Andrei Krauchanka (Bielorrússia) | Leonel Suárez (Cuba) |
Londres 2012 | Ashton Eaton (Estados Unidos) | Trey Hardee (Estados Unidos) | Leonel Suárez (Cuba) |
Rio 2016 | Ashton Eaton (Estados Unidos) | Kevin Mayer (França) | Damian Warner (Canadá) |
Tóquio 2020 | Damian Warner (Canadá) | Kevin Mayer (França) | Ashley Moloney (Austrália) |
*Taiwan atualmente usa o nome de Taipé Chinês nas Olimpíadas, mas já houve outras nomenclaturas. Formosa é o nome da ilha e usado para o torneio em alguns anos.
Medalhas por país
País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
Estados Unidos | 14 | 8 | 7 | 29 |
Grã-Bretanha | 2 | 0 | 0 | 2 |
União Soviética | 1 | 3 | 4 | 8 |
Finlândia | 1 | 2 | 0 | 3 |
Alemanha | 1 | 1 | 2 | 4 |
Suécia | 1 | 1 | 2 | 4 |
República Tcheca | 1 | 1 | 1 | 3 |
Alemanha Oriental | 1 | 1 | 0 | 2 |
Canadá | 1 | 0 | 2 | 3 |
Estônia | 1 | 0 | 2 | 3 |
Checoslováquia | 1 | 0 | 0 | 1 |
Noruega | 1 | 0 | 0 | 1 |
Alemanha Ocidental | 0 | 3 | 2 | 5 |
França | 0 | 3 | 0 | 3 |
Bielorrússia | 0 | 1 | 0 | 1 |
Taipé Chinês | 0 | 1 | 0 | 1 |
Espanha | 0 | 1 | 0 | 1 |
Cuba | 0 | 0 | 2 | 2 |
Cazaquistão | 0 | 0 | 1 | 1 |
Polônia | 0 | 0 | 1 | 1 |
Austrália | 0 | 0 | 1 | 1 |
Brasileiros no decatlo olímpico

Diferente de outros esportes, o Brasil não tem muita tradição no decatlo. Mesmo assim, a primeira participação de um brasileiro na modalidade foi em Los Angeles 1932. Carlos Woebcken nasceu na Alemanha e competiu pelo Brasil, mas não terminou a primeira prova, 100m rasos, e ficou sem pontuar.
Brasileiros só voltaram para a prova em Barcelona 1992, com Pedro da Silva. Assim como na primeira participação, não fez as 10 provas. Pedro errou as três tentativas de lançamento de disco. Por conta disso, abandonou a competição.
Após mais alguns anos sem representante na disputa, Carlos Chinin competiu em Pequim 2008. Da mesma forma como os outros dois brasileiros, não completou todas as provas. Sem sucesso no arremesso de peso, chegou a terminar o primeiro dia, mas abandonou no segundo.
Luiz Alberto Araújo esteve presente em Londres 2012 e foi o único brasileiro a fazer tudo. Acabou ficando somente na 19ª posição, com 7.849 pontos ao todo. Mas voltou para o Rio 2016, tendo mais sucesso.
Ao final dos dois dias, o brasileiro terminou em 10º lugar, com 8.315 pontos. No primeiro dia, havia chegado na 4ª posição.
Por fim, Felipe dos Santos disputou em Tóquio 2020. Só que ficou somente na 18ª colocação, com 7880 pontos conquistados.
Para 2024, o Brasil não terá nenhum representando.
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