Um dos maiores eventos esportivos é a Corrida Internacional de São Silvestre, que está prestes a celebrar sua 98ª edição. Esta competição é uma fusão de atletismo de alto nível, tradição e amor pela cidade de São Paulo.
Criada em 1925 pelo jornalista Cásper Líbero, a corrida de rua nasceu inspirada pela experiência ao testemunhar uma corrida noturna na França, na qual os corredores iluminavam o percurso carregando tochas.

Corrida com nome de Santo
Batizada com o nome de São Silvestre, devido a data escolhida para realização coincidir com o dia do santo, 31 de dezembro.
O último dia do ano também foi o dia em que a igreja católica realizou canonização do Papa Silvestre O, pela cura do Imperador Constantino que sofria com lepra.
Exclusividade para brasileiros
Entretanto, durante os primeiros 19 anos de existência, a corrida de rua foi exclusivamente voltada para brasileiros. Porém, em 1945, a participação de corredores de países da América do Sul começaram a ser aceitas.
A repercussão e interesse mundial foram tão grande que os organizadores, resolveram abrir para participação dos corredores internacionais. Coincidência ou não, os brasileiros ficaram sem ganhar a corrida até a edição de 1980, vivendo assim um jejum de 34 anos.
XXIII Corrida de São Silvestre pic.twitter.com/mI8g74tvh5
— São Paulo Antiga (@SaoPauloAntiga) December 31, 2022
Mulheres ganham espaço somente 50 anos depois
Desde sua criação em 1945, a corrida de São Silvestre era uma prova somente disputada pelo sexo masculino e assim, permaneceu até 1974.
No ano seguinte, por ser considerado o Ano Internacional da Mulher pelas Nações Unidas, os organizadores resolveram abrir espaço para as mulheres e criaram a categoria de corrida feminina, atraindo competidoras internacionais.
São Silvestre mudou da noite para o dia
Seguindo sua inspiração francesa, a corrida seguiu no horário noturno durante 63 anos, tendo seu horário de largada às 23h30 e a previsão de chegada dos corredores a linha de chegada por volta da meia-noite.
No entanto, em 1989, os organizadores da corrida atendendo exigências da Federação Internacional de atletismo (IAAF), houveram algumas mudanças. Entre as principais alterações, o horário que passou a ser vespertino com início da prova masculina às 17h (horário de Brasília) e, às 15h para as femininas.
Em 1988, novamente o horário da disputa foi alterado e atualmente é acontece no período matutino.
Mudanças no percurso da corrida
O percurso original também sofreu modificações com o passar dos anos, além disso, o ponto de chegada mudou em diversas edições. Em 1991, veio a alteração definitiva, saindo de 8,8 km e 6,5 km para 15 km, passando pelos princípais pontos turísticos de São Paulo.

(Foto: Divulgação)
Contudo, as mudanças levaram a corrida ser reconhecida mundialmente e entrar para o calendário internacional da entidade esportiva.
Transmissão da São Silvestre
A corrida ganhou popularidade nas últimas gerações através de suas transmissões na tv, tanto é que a maioria sabe que o último dia do ano é dedicado a maior corrida de rua da América do Sul.
No entanto, antes de dominar a tarde do dia 31, a São Silvestre teve transmissão pelas ondas do rádio a partir de 1948 e só iniciaram a transmissão nas telinhas em meados de 1982, permanecendo até os dias de hoje.
Prestígio internacional
A corrida passou a ser uma atração turística na capital paulista, devido a fama conquistada internacionalmente. Prova disso, contou com diversos participantes famosos como cantor e compositor brasileiro Jorge Ben Jor , entre outros.
A participação se tornou tamanha entre a população com inscrição de indígenas, corredores anônimos e portadores de deficiência. Vale destacar que todos os anos, as inscrições na corrida de rua tem um grande número, mas já chegou a bater o recorde de 25 mil inscritos na edição de 2011.
Hegemonia africana
A hegemonia africana iniciou na edição de 1992 com a vitória de Simon Chemwoyo e depois sucederam-se 19 chegadas à frente do restante do pelotão contra 11 do Brasil.
Em relação aos países que lideram a lista de campeões temos o Quênia com 15 vitórias masculina e 15 femininas. O Brasil na categoria feminina cai para terceiro lugar com cinco, atrás de Portugal que tem sete.
Abaixo listaremos os campeões da Corrida de São Silvestre a partir da ampliação com os participantes internacionais.
Vencedores da São Silvestre
Categoria masculina

(Foto: Divulgação)
1945 – Sebastião Alves Monteiro (Brasil)
1946 – Sebastião Alves Monteiro (Brasil)
1947 – Oscar Moreira (Uruguai)
1948 – Raul Inostroza (Chile)
1949 – Viljo Heino (Finlândia)
1950 – Lucien Theys (Bélgica)
1951 – Erich Kruzicky (Alemanha)
1952 – Franjo Mihalic (Iuguslávia)
1953 – Emil Zatopek (Tchecoslováquia)
1954 – Franjo Mihalic (Iuguslávia)
1955 – Kenneth Norris (Reino Unido)
1956 – Manuel Faria (Portugal)
1957 – Manuel Faria (Portugal)
1958 – Osvaldo Suárez (Argentina)
1959 – Osvaldo Suárez (Argentina)
1960 – Osvaldo Suárez (Argentina)
1961 – Martin Hyman (Reino Unido)
1962 – Hamoud Ameur (França)
1963 – Henry Clerckx (Bélgica)
1964 – Gaston Roelants (Bélgica)
1965 – Gaston Roelants (Bélgica)
1966 – Álvaro Mejía Florez (Colômbia)
1967 – Gaston Roelants (Bélgica)
1968 – Gaston Roelants (Bélgica)
1969 – Juan Martinez (México)
1970 – Frank Shorter (Estados Unidos)
1971 – Rafael Tadeo Palomares (México)
1972 – Víctor Mora (Colômbia)
1973 – Víctor Mora (Colômbia)
1974 – Rafael Angel Perez (Costa Rica)
1975 – Víctor Mora (Colômbia)
1976 – Edmundo Warnke (Chile)
1977 – Domingo Tibaduiza (Colômbia)
1978 – Radhouane Bouster (França)
1979 – Herb Lindsay (Estados Unidos)
1980 – José João da Silva (Brasil)
1981 – Víctor Mora (Colômbia)
1982 – Carlos Lopes (Portugal)
1983 – João da Mata de Ataíde (Brasil)
1984 – Carlos Lopes (Portugal)
1985 – João da Mata de Ataíde (Brasil)
1986 – Rolando Vera (Equador)
1987 – Rolando Vera (Equador)
1988 – Rolando Vera (Equador)
1989 – Rolando Vera (Equador)
1990 – Arturo Barrios (México)
1991 – Arturo Barrios (México)
1992 – Simon Chemwoiywo (Quénia)
1993 – Simon Chemwoiywo (Quénia)
1994 – Ronaldo da Costa (Brasil)
1995 – Paul Tergat (Quénia)
1996 – Paul Tergat (Quénia)
1997 – Émerson Iser Bem (Brasil)
1998 – Paul Tergat (Quénia)
1999 – Paul Tergat (Quénia)
2000 – Paul Tergat (Quénia)
2001 – Tesfaye Jifar (Etiópia)
2002 – Robert Kipkoech Cheruiyot (Quénia)
2003 – Marílson Gomes dos Santos (Brasil)
2004 – Robert Kipkoech Cheruiyot (Quénia)
2005 – Marílson Gomes dos Santos (Brasil)
2006 – Franck Caldeira (Brasil)
2007 – Robert Kipkoech Cheruiyot (Quénia)
2008 – James Kipsang (Quénia)
2009 – James Kipsang (Quénia)
2010 – Marílson Gomes dos Santos (Brasil)
2011 – Tariku Bekele (Etiópia)
2012 – Edwin Kipsang (Quénia)
2013 – Edwin Kipsang (Quénia)
2014 – Dawit Admasu (Etiópia)
2015 – Stanley Biwott (Quénia)
2016 – Leul Aleme (Etiópia)
2017 – Dawit Admasu (Bahrein)
2018 – Belahy Bezabh (Etiópia)
2019 – Kibiwot Kandie (Quénia)
2020 – Não houve edição devido à pandemia de COVID-19.
2021 – Belahy Bezabh (Etiópia)
2022 – Andrew Kwemoi (Uganda)
Categoria feminina

(Mike Powell/Allsport)
1975 – Christa Vahlensieck (Alemanha Ocidental)
1976 – Christa Vahlensieck (Alemanha Ocidental)
1977 – Loa Olafsson (Dinamarca)
1978 – Dana Slater (Estados Unidos)
1979 – Dana Slater (Estados Unidos)
1980 – Heidi Hutterer (Alemanha Ocidental)
1981 – Rosa Mota (Portugal)
1982 – Rosa Mota (Portugal)
1983 – Rosa Mota (Portugal)
1984 – Rosa Mota (Portugal)
1985 – Rosa Mota (Portugal)
1986 – Rosa Mota (Portugal)
1987 – Martha Tenorio (Equador)
1988 – Aurora Cunha (Portugal)
1989 – María Del Carmen Díaz (México)
1990 – María Del Carmen Díaz (México)
1991 – María Luisa Servín (México)
1992 – María Del Carmen Díaz (México)
1993 – Hellen Kimaiyo (Quénia)
1994 – Derartu Tulu (Etiópia)
1995 – Carmem Oliveira (Brasil)
1996 – Roseli Machado (Brasil)
1997 – Martha Tenorio (Equador)
1998 – Olivera Jevtić (Iugoslávia)
1999 – Lydia Cheromei (Quénia)
2000 – Lydia Cheromei (Quénia)
2001 – Maria Zeferina Baldaia (Brasil)
2002 – Marizete de Paula Rezende (Brasil)
2003 – Margaret Okayo (Quénia)
2004 – Lydia Cheromei (Quénia)
2005 Sérvia e Montenegro Olivera Jevtić
2006 – Lucélia Peres (Brasil)
2007 – Alice Timbilili (Quénia)
2008 – Yimer Wude Ayalew (Etiópia)
2009 – Pasalia Chepkorir (Quénia)
2010 – Alice Timbilili (Quénia)
2011 – Priscah Jeptoo (Quénia)
2012 – Maurine Kipchumba (Quénia)
2013 – Nancy Kipron (Quénia)
2014 – Yimer Wude Ayalew (Etiópia)
2015 – Yimer Wude Ayalew(Etiópia)
2016 – Jemima Sumgong (Quénia)
2017 – Flomena Cheyech Daniel (Quénia)
2018 – Sandrafelis Chebet (Quénia)
2019 – Brigid Kosgei (Quénia)
2020 – Não houve edição devido à pandemia de COVID-19.
2021 – Sandrafelis Chebet (Quénia)
2022 – Catherine Reline (Quénia)

Na realidade, não fui eu quem optou pelo jornalismo, mas sim foi o jornalismo que me escolheu. Sem sombra de dúvidas, essa profissão é como um vasto oceano a ser explorado em suas profundezas; somente assim é possível compreender e apreciar toda a sua magnitude.