A Fórmula 1 não tem esquentado a temperatura apenas nos asfaltos dos circuitos da temporada 2023. Os bastidores da modalidade tem pegado fogo com recentes declarações de Helmut Marko, conselheiro da Red Bull, sobre Sergio Pérez, piloto da equipe.

Neste sentido, as falas xenofóbicas de Marko reacendeu o histórico de preconceito que alguns pilotos da categoria sofreram ao longo da história. A saber, nem Ayrton Senna, Fangio e Fernando Alonso escaparam. Além disso, esta semana, o piloto da equipe austríaca respondeu a opinião do conselheiro e apontou o que pode ajudar a receber críticas. Confira!

A polêmica entre Helmut Marko e Sergio Pérez

O caso teve início quando Helmut Marko, em entrevista ao Sport & Talk, na Servus TV, após o GP da Itália, fez comentários depreciativos sobre Checo Pérez, como também é conhecido o piloto. O conselheiro da Red Bull afirmou que sua origem sul-americana de Pérez impactava a sua concentração em comparação a pilotos de países centrais, como Max Verstappen e Sebastian Vettel, o que teria atrapalhado o seu desempenho na corrida:

Checo é sul-americano e é por isso que sua cabeça não está tão focada quanto a de Max Verstappen ou Sebastian Vettel, mas correr é o seu forte e ele tinha um ritmo muito bom”

A saber, o México se localiza na parte norte do continente americano e não na América do Sul, como afirmou Marko. Depois da repercussão negativa de seus comentários, o austríaco tentou explicar e justificar suas palavras, afirmando que pretendia apenas destacar diferenças culturais, mas reconhecendo a possibilidade de ter sido mal interpretado:

Queria dizer que um mexicano tem uma mentalidade diferente de um alemão ou de um holandês, mas quem sabe, talvez seja controlado”.

Sergio Pérez aponta que xenofobia pode influenciar nas críticas

O atual segundo colocado do Campeonato de F1 2023, afirmou que recebeu um pedido de desculpas do conselheiro pelos comentários:

Tive uma conversa muito boa com Marko Helmut ele pediu desculpas pelos comentários”.

Porém, durante um evento no campus da Ford, no México, Sergio Pérez voltou a falar do tema. O piloto apontou que a sua nacionalidade pode pesar na hora de receber algumas críticas relacionadas ao seu desempenho ou falhas:

Se algo assim acontecer na Red Bull, você terá imediatamente trezentos canais de mídia em seu telhado dizendo que você precisa sair. Esse tipo de coisa acontece frequentemente na Fórmula 1 e é assim que funciona em um ambiente de equipe. Além disso, tenho a sensação de que ser mexicano também tem muita influência”.

O debate sobre xenofobia na Fórmula 1 ganhou mais um tópico quando Checo Pérez expressou a sua crença de que sua nacionalidade influenciou as críticas que recebeu após resultados menos favoráveis. Ele citou o exemplo de George Russell, que não foi tão criticado por um erro, em comparação com a reação que Pérez após algumas falhas:

Vimos isso com Russell. Ele caiu do terceiro lugar na última volta, mas não se ouve ninguém falando sobre isso”.

Nem campeões Mundiais escapam do histórico de comentários xenofóbicos na F1

O caso de Helmut Marko não é isolado na história da Fórmula 1, ao longo dos anos outros comentários do gênero marcaram a categoria. Os alvos são, principalmente, nacionalidades de fora do continente europeu e/ou que não falam o idioma anglo-saxão.

Dessa maneira, o comentário de Ron Dennis sobre o título do Mundial de Pilotos de Fernando Alonso em 2005 explicitou esse erro. A saber, na época, Denis era o diretor da McLaren e disparou a seguinte frase:

Acredito que há uma categoria de pilotos que vivem na América do Sul, Espanha e Itália que não tem a disciplina necessária para ser campeão do mundo”.

Somente com essa fala, muito vazia e estigmatizada, o então diretor da McLaren atacou grandes pilotos desses países que marcaram época e também ganharam 16 títulos da F1. Como por exemplo, o argentino Juan Manuel Fangio, pentacampeão, os brasileiros Ayrton Senna e Nelson Piquet, tricampeões, Emerson Fittipaldi, bicampeão, e os italianos Alberto Ascari, bicampeão, e Nino Farina, primeiro campeão da competição com seu único título.

Além disso, sem citar vários outros pilotos, que mesmo sem ganhar o troféu, fizeram grandes campeonatos e corridas. Lembrando, que ele trabalhou com Senna em seus três títulos mundiais. A saber, das 15 nacionalidades campeãs da categoria nove são de fora do ciclo europeu.

Casos recentes de preconceitos

A xenofobia não é o único tipo de preconceito que prejudica a categoria e o mundo. O racismo, machismo, homofobia e outras formas de discriminação também reduzem o surgimento de grandes talentos, como também afetam a carreira dos pilotos.

Nas últimas temporadas a F1 recebeu o seu primeiro piloto chinês da categoria: Ganyu Zhou. Porém, para algumas pessoas, o piloto é motivo de chacota por seu sotaque e o seu desempenho é motivado por sua nacionalidade. Outro caso foi quando Verstappen criticou Felipe Massa após uma fechada:

Ele é brasileiro, não há o que dizer”.

Posteriormente, o piloto natural dos Países Baixos pediu desculpas para todo o povo brasileiro pela declaração.