O futebol feminino brasileiro, que hoje tem Marta e Cristiane como principais nomes, trilhou um caminho de superação e evolução ao longo das últimas décadas.
Entre os marcos dessa jornada, a proibição do esporte no país entre 1941 e 1979 marcou um período de desafios que só começou a ser superado a partir da regulamentação em 1983, permitindo que as mudanças acontecessem nos últimos 40 anos.
A história das jogadoras brasileiras Marta e Cristiane é parte integrante desse panorama. Se Sissi foi a pioneira, marcando seu nome na Copa de 1999, foi em Marta e Cristiane que o Brasil encontrou suas maiores estrelas nas décadas seguintes.
Desde suas primeiras conquistas em 2003 e 2004, respectivamente, essas duas talentosas atletas, junto com a veterana Formiga, tornaram-se símbolos do futebol feminino brasileiro.
São jogadoras muito importantes no futebol feminino, que tornaram nosso esporte mais vistoso e deram-lhe maior relevância no mundo. Elas têm uma história marcada por muitas lutas, as quais permitiram que nós, hoje em dia, tenhamos o reconhecimento que temos“, disse Catalina, do Bragantino.
A volante completou afirmando que, mesmo de longe, as atletas brasileiras Marta e Cristiane serviram de exemplo:
Para mim, são exemplos a seguir de perseverança e convicção. Era muito difícil acompanhar seus jogos estando na Argentina, devido ao pouco conhecimento sobre o futebol sul-americano, mas mesmo assim elas se destacaram.
A jornada de Marta
A trajetória de Marta é uma inspiração por si só. Criada em Dois Riachos, Alagoas, enfrentou adversidades desde a infância, passando fome e enfrentando o preconceito para seguir sua paixão pelo futebol.
Hoje, eleita seis vezes a “Melhor do Mundo” pela FIFA, Marta ultrapassou marcas históricas de gols pela Seleção, tornando-se uma verdadeira lenda do esporte.
A Marta sempre foi uma referência para mim e para as demais pessoas do meu círculo social e familiar. Por ser também do Nordeste e ter conquistado o mundo, tornando-se a melhor jogadora do mundo, isso tornou meu sonho possível. Eu acreditei que se ela conseguiu, por que eu não conseguiria? Tive o suporte familiar que facilitou a realização do meu maior sonho, passando por dificuldades, mas mantive a fé e o trabalho, assim como a Marta fez”, disse Laís, do Bragantino.
Desafios e conquistas de Cristiane
Cristiane também teve sua luta pessoal, desafiando as expectativas para abraçar sua paixão pelo futebol.
Mesmo enfrentando resistência, ela conquistou seu espaço, acumulando passagens por clubes nacionais e internacionais, incluindo o prestigiado PSG.
Além de sua habilidade nos gramados, Cristiane também demonstra talento como DJ, mostrando sua versatilidade para além do esporte.
Eu sempre gostei do jeito que a Cristiane jogava, sempre achei ela uma inspiração também. E as duas são inspirações, referências hoje no Brasil e no exterior. Quando eu fui crescendo eu fui pegando um gosto muito grande pelo jeito que a Cristiane jogava”, disse Brendha, do Avaí/Kindermann.
Laís concorda com a posição de Brendha e destaca as habilidades da jogadora do Flamengo:
A Cristiane, juntamente com a Marta, foi uma sequência de imposição feminina dentro do futebol, com suas qualidades físicas e técnicas, suas habilidades com a bola nos pés, algo fora da realidade para um grupo de mulheres. Onde apenas homens tinham tamanha intimidade com a bola, elas mostraram que não apenas eles tinham essa possibilidade e esse desenvolvimento. As pessoas paravam para vê-las jogar”, completou Laís.
Entrosamento e compreensão mútua de Marta e Cristiane

A parceria entre Marta e Cristiane é duradoura e frutífera, estendendo-se desde as categorias de base até a seleção principal. Seu entrosamento em campo é notável, refletindo anos de trabalho conjunto e compreensão mútua, como uma sincronia perfeita que transcende as palavras.
As duas são muito importantes para o futebol feminino, que são jogadoras que você vê, e obviamente que querem chegar a ser como elas. Acho que há muito trabalho e dedicação, que você trata de fazer cada dia, para chegar a onde elas chegaram. São duas peças muito importantes para o futebol feminino aqui no Brasil”, disse Camila López, do Avaí/Kindermann.
No contexto atual do futebol feminino brasileiro, as mudanças estruturais e o aumento da visibilidade são sinais promissores de um futuro ainda mais brilhante.
Com investimentos crescentes, a inclusão de categorias de base nos clubes e uma maior exposição na mídia, o cenário está sendo preparado para as próximas gerações de talentos.
A Marta e a Cristiane são o nosso ponto de partida. Foi através delas que sonhávamos, que poderíamos chegar, que poderíamos conquistar. Elas plantaram, assim como hoje plantamos para as meninas na base, sub-16, sub-14. Hoje temos a colheita do plantio através delas, são referências para nós na modalidade, como mulher, são nosso legado, deixam todos os dias um legado para nós que sonhamos, buscamos ser profissionais, viver do futebol”, disse Gabi Itacaré, do Botafogo.
Micaelly, da Ferroviária, afirma que, por Marta e Cristiane serem vencedoras, as palavras que podem definir as duas jogadoras são: coragem, determinação e vontade. Além de serem inspirações:
A importância é muito grande nas carreiras de muitas meninas, principalmente para aquelas que estão começando no futebol. Elas passaram e continuam passando uma linda história de inspiração”, completou Micaelly, da Ferroviária.
Legado e inspiração
À medida que Marta e Cristiane preparam-se para possivelmente encerrar suas carreiras internacionais após os Jogos Olímpicos de Paris 2024, é inevitável reconhecer o legado que deixarão para trás.
Seja qual for o desfecho dessas lendas vivas, Marta e Cristiane, é certo que o futebol feminino brasileiro continuará sendo inspirado por suas conquistas e determinação.
E que seja um fechamento digno para Marta e Cristiane, duas das maiores jogadoras que o Brasil já viu.
Marta e Cristiane nos dão força para continuar! Elas começaram quando o futebol feminino não tinha a metade da visibilidade que temos hoje (e ainda nem chegamos onde queremos), mas elas seguiram firmes, fortes e com muita vontade de fazer a modalidade crescer e ocupar o seu lugar. Assim como outras que vieram antes delas e também lutaram por isso. Se hoje estamos onde estamos, elas têm responsabilidade fundamental nisso. Guerreiras e inspirações”, disse Amanda Gutierres, do Palmeiras.
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