Para as gerações mais novas é natural colocar o Guga como o maior tenista brasileiro de todos os tempos. Podemos dizer que essa resposta não está errada, mas, quando passamos a considerar as mulheres, devemos dar o devido mérito a Maria Esther Bueno. Afinal, foi ela quem colocou o Brasil no mapa do tênis mundial.
Maria Esther acumulou uma série de conquistas, com 19 títulos de Grand Slams, chegou ao topo do ranking mundial e entrou para o hall da fama do tênis.
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Infográfico: títulos e recordes de Maria Esther Bueno
Quem foi Maria Esther Bueno?
Maria Esther Bueno foi a maior tenista brasileira de todos os tempos e uma das maiores de toda a história do esporte. Ela construiu sua carreira entre as décadas de 1950 e 1970, e chegou à primeira colocação do ranking mundial em 1959.
Nascida em 11 de outubro de 1939, a tenista paulista teve uma carreira brilhante, com 19 títulos de Grand Slams em 35 torneios disputados — um aproveitamento de 54%.
Maria Esther Bueno venceu 7 torneios de simples de Grand Slams, 11 em duplas e um em duplas mistas.
Ela foi campeã em simples de Wimbledon e US Open, além de ter disputado finais de Roland-Garros e Australian Open. Em duplas, ela ganhou todos os quatro.
Segundo o site oficial de Maria Esther, ela conquistou 589 títulos na carreira.
A maior tenista da história do esporte brasileiro morreu em 8 de junho de 2018, aos 78 anos.

Como e quando Maria Esther Bueno começou no tênis?
A trajetória de Maria Esther Bueno no tênis foi iniciada por influência de sua família. Em entrevista à Folha de São Paulo, em 2003, ela disse que começou no esporte aos 3 anos, no Clube de Regatas Tietê, em São Paulo.
“Meus pais jogavam tênis e eu e meu irmão Pedro Bueno crescemos jogando juntos. Não existe um por que, simplesmente aconteceu. Para mim, era uma coisa natural jogar tênis”, comentou.
Aos 11 anos, ela disputou seu primeiro torneio de tênis. O primeiro título do Campeonato Brasileiro de Adultos veio quando ela tinha apenas 14.
Em 1955, ano em que Maria Esther completou 16 anos, a tenista brasileira conquistou a medalha de bronze do torneio de duplas dos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México.
Assim começou a trajetória da Bailarina do Tênis, como Maria Esther Bueno ficou conhecida.
Nos Jogos Pan-Americanos de São Paulo, em 1963, a tenista conquistou três medalhas. Foram duas pratas, em duplas femininas e duplas mistas, além da confirmação de um ouro no torneio de simples.
Contudo, foi longe do Brasil que Maria Esther Bueno construiu uma das carreiras mais brilhantes da história do tênis. Sem grandes adversárias no país, ela seguiu para os principais torneios ao redor do mundo.
Quantas vezes Maria Esther Bueno foi campeã?

Em toda a sua carreira, Maria Esther Bueno conquistou 589 títulos. As principais conquistas foram os 19 troféus de Grand Slams.
Reverenciada na Inglaterra, a tenista brasileira foi tricampeã do torneio de simples de Wimbledon: 1959, 1960 e 1964. Jogando sozinha, ela ainda ganhou o US Open em quatro oportunidades: 1959, 1963, 1964 e 1966.
Além dos 7 títulos de Grand Slams em simples, Maria Esther Bueno venceu 11 títulos dos quatro principais torneios em duplas e um em duplas mistas.
Ela foi a primeira tenista do circuito feminino a conquistar todos os torneios que formam o Grand Slam em um mesmo ano. O feito foi alcançado em 1960, quando ela foi campeã em duplas do Australian Open, de Roland-Garros, de Wimbledon e também do US Open.
A conquista dos 4 Grand Slam na mesma temporada aconteceu um ano depois de ela assumir o topo do ranking mundial pela primeira vez.
Todos os títulos de Maria Esther Bueno
- Títulos de Grand Slam em simples: 7
- Wimbledon: 3 (1959, 1960, 1964)
- US Open: 4 (1959, 1963, 1964, 1966)
- Títulos de Grand Slam em duplas: 11
- Australian Open: 1 (1960)
- Roland-Garros: 1 (1960)
- Wimbledon: 5 (1958, 1960, 1963, 1965, 1966)
- US Open: 4 (1960, 1962, 1966, 1968)
- Títulos de Grand Slam em duplas mistas: 1
- Roland Garros: 1 (1960)
- Melhor ranking: 1º (1959)
Quais foram as principais rivais de Maria Esther Bueno?

Um dos grandes méritos de Maria Esther Bueno foi ter sido tão vitoriosa em uma era em que outras grandes tenistas estavam no circuito mundial. A brasileira foi contemporânea de duas das maiores da história: Margaret Court e Billie Jean King.
Em Wimbledon, depois de conquistar três títulos de simples, em duelos com Darlene Hard, Sandra Reynolds e Margaret Court, Maria Esther voltou à final mais duas vezes. Porém, nas decisões de 1965 e 1966, ela acabou derrotada por Margaret Court e Billie Jean King.
Já no US Open, Maria Esther Bueno chegou à final do torneio de simples 5 vezes. Além dos 4 títulos, conquistados em finais contra Nancy Richey, Carole Caldwell Graebner, Margaret Court e Christine Truman, a brasileira perdeu a final de 1960 para Darlene Hard.
Em Roland-Garros, por sua vez, Maria Esther não foi campeã de simples. Ela disputou uma final, mas perdeu a decisão de 1964 para a Margaret Court, que venceu o Aberto da França 5 vezes.
Ao todo, Margaret Court foi adversária de Maria Esther Bueno na final de simples de Grand Slams em 5 oportunidades. A brasileira foi campeã duas vezes, enquanto a australiana foi vitoriosa em três.
A rivalidade entre Maria Esther Bueno, Margaret Court e Billie Jean King não ficou restrita aos torneios de simples. A brasileira enfrentou a norte-americana e a australiana, cada uma, em 5 finais de torneios de duplas nos Grand Slams (4 vezes em duplas femininas e uma em duplas mistas).
Contudo, elas também foram parceiras. Ao lado de Billie Jean King, Maria Esther Bueno foi campeã de duplas em Wimbledon, em 1965. Três anos depois, ela conquistou o US Open tendo Margaret Court como parceira.
Quando Maria Esther Bueno morreu?
Maria Esther Bueno morreu em 8 de junho de 2018, aos 78 anos, vítima de uma câncer.
A primeira manifestação da doença foi em 2017, quando ela retirou um câncer do lábio. Porém, o tumor se espalhou pela garganta. Ela chegou a passar por radioterapia. Mais tarde, após sentir dores enquanto jogava tênis, Maria Esther fez exames que detectaram que um novo câncer havia se espalhado por outros órgãos do corpo.
Homenagens e reconhecimento do legado ao tênis brasileiro
A morte de Maria Esther Bueno foi lamentada por uma série de grandes tenistas da história do esporte, no Brasil e no mundo. O seu legado para o tênis não foi esquecido.
“Sempre esperei ansiosamente ver Maria em Wimbledon e alguns dos principais torneios. Ela foi a primeira super-estrela da América do Sul e é reverenciada por lá. Ela foi uma grande influência na minha carreira e para muitos jogadores da minha geração. Ela foi a que todos nós admiramos. Tive o privilégio de ganhar um título de duplas de Wimbledon com ela em 1965”, destacou a norte-americana Billie Jean King.
Já Margaret Court ressaltou: “Maria era sempre uma grande força dentro de quadra. Foi a primeira número 1 do mundo que enfrentei. Eu sempre precisei jogar meu melhor contra a Maria e tivemos muitas finais Bueno-Court”.
Tricampeão de Roland-Garros, Gustavo Kuerten fez questão de enaltecê-la. “Maria Esther Bueno, nossa rainha das quadras. Gratidão, respeito e orgulho eterno a maior estrela do Tênis brasileiro!!! Continuará sempre nos iluminando com suas conquistas inesquecíveis e seu espírito corajoso e inspirador. Descanse em paz e com todo nosso carinho”.
Palco de muitas das vitórias da tenista brasileira, Wimbledon, por meio de sua conta oficial no Twitter, lamentou. “O All England Club está profundamente triste pela morte de Maria Bueno, uma de nossas mais amadas campeãs. Sua humildade, graça e jogo criativo conquistaram corações ao redor do mundo, em nenhum lugar mais que seu país natal, Brasil, onde ela está e para sempre manterá o orgulho de uma nação”.
O legado de Maria Esther Bueno deve ser sempre destacado. Ela se tornou uma referência em um esporte em que o Brasil tem pouca tradição e será sempre lembrada em todo o mundo. Não é à toa que é tratada como uma lenda.
Frases famosas de Maria Esther Bueno
- “O prêmio de Wimbledon foram 15 libras em voucher, que você trocava por meia, munhequeira, porque era totalmente amador. Então não podia ter prêmio em dinheiro”
- “Você aprende a valorizar as coisas, eram poucas, eram duas raquetes. Agora as pessoas viajam com oitenta, cinquenta… Tinha que encordoar uma vez só, hoje em dia você encordoa a raquete uma hora antes do jogo. São oito, dez raquetes. Quando termina o jogo, você corta e vai embora. A gente não tinha toda essa facilidade”
- “De maneira nenhuma houve qualquer tipo de preconceito. Muito pelo contrário. Houve muita admiração e respeito por uma pessoa jovem, sozinha, que conseguiu vencer todas as dificuldades e conquistar o mundo”
- “A gente jogava realmente pela honra, pela vontade de ser melhor, de ser reconhecida”
- “Eu estou na Enciclopédia Britânica. Todos os livros, os melhores livros de Tênis, sempre fui mencionada. Para mim é uma vitória pessoal muito grande por ser mulher, principalmente, porque é mais difícil para mulher e brasileira”
- “Eu sempre tive todo o carinho do público, porque eles gostavam muito do jeito que eu jogava, e sendo brasileira e latina, você demonstra o que está sentindo. Então isso passava para o público”
- “Imagine eu, uma adolescente, ganhando em Wimbledon. Imagine a minha responsabilidade, o quanto eu fui solicitada. Isso mexeu comigo, uma pessoa quieta, discreta”
- “Representou tudo, coroação e satisfação por ter conseguido o topo de tudo que se pode desejar dentro do esporte. Ser a melhor do mundo, ter vencido o mais importante torneio de tênis e ter colocado o nome do Brasil no mapa”
- “Quando se entra em um torneio tão importante e difícil, todos os jogos são encarados da mesma maneira, com muita seriedade. Não existe jogo fácil e não se ganha por antecipação”
Agora que você conhece toda a história de Maria Esther Bueno, aproveite para ver a biografia de outras estrelas do tênis: