Foi só um tropeço, mas em momento decisivo. O Vôlei Renata perdeu em casa para o Joinville por 3 sets a 2 e agora terá que buscar fora de casa a vitória que mantém o time vivo nos playoffs da Superliga Masculina.

Um dos destaques da equipe na competição é o central Judson Nunes, que conversou com exclusividade com o Esportelândia e analisou com lucidez a derrota — além de explicar os caminhos para uma virada na série.

Judson analisa derrota, fala sobre apagões e destaca papel da psicóloga do time

A primeira derrota do Vôlei Renata em um mês e meio chegou no pior momento possível. Jogando no Taquaral, diante de sua torcida, o time não resistiu à consistência defensiva do Joinville e saiu atrás na série melhor de três.

Para Judson, o principal desafio do grupo não está na técnica, mas no emocional.

A Fernanda é a nossa psicóloga que acompanha a gente a temporada inteira. Ela ajuda com meditação, para manter a concentração, principalmente em momentos de pressão. Com certeza essa semana a gente vai ter um trabalho importante com ela, porque agora a gente se encontra numa situação onde tem que reverter.

Segundo ele, o time pecou justamente ao não manter o equilíbrio nas fases mais críticas do jogo.

Nosso problema tem sido esse: quando a gente entra na fase baixa do jogo, estamos entrando muito abaixo. A gente precisa aprender a manter um nível ok, mesmo quando não estamos no nosso melhor.

Na derrota para o Joinville, o time campineiro oscilou demais. Depois de um início promissor, caiu de rendimento no segundo e no terceiro sets, chegou a atropelar no quarto, mas sucumbiu no tie-break. Para Judson, o adversário soube explorar os momentos de instabilidade.

Eles são um time bem postado, que acredita muito no bloqueio e na defesa. Eles não rifam bola. A gente quis decidir tudo na primeira bola e acabamos errando muito.

Judson acredita que a virada passa pela paciência

Apesar da derrota, o camisa 11 acredita na recuperação da equipe e valoriza a experiência do elenco. Mesmo fora de casa, o clube de Campinas pode forçar o 3º jogo. Para ele, a chave para igualar a série no jogo deste domingo, em Joinville, é simples: paciência.

Acho que nosso time tem caras muito experientes, que já viveram situações de muito mais pressão que essa. Está tudo em aberto. Faltou paciência.

Se a gente tivesse tido um pouco mais disso, talvez o resultado fosse outro. Eles defendiam e contra-atacavam, enquanto a gente tentava resolver tudo na primeira bola. Isso não pode acontecer de novo.

A atuação de Judson foi um dos pontos positivos da partida. Ele marcou 17 pontos, com destaque para os saques (4 aces, líder do jogo) e bloqueios — 5 deles. Mostrando liderança em quadra e também fora dela, ele comentou sobre a importância dos playoffs e da vontade de vencer:

Sou movido por isso (vitória). Quando vejo que algo está me afastando do meu objetivo, é aí que a garra vem de dentro. Acho que a raça tem que ser o carro-chefe sempre. Essa vontade insana de vencer.

Pressão da torcida adversária motiva Judson ainda mais

Se jogar em casa é bom, atuar contra ginásios lotados do outro lado também traz motivação. Judson garante que a pressão de jogar como visitante não assusta.

O central é torcedor fanático do Corinthians e até brincou com a comemoração marcante de Memphis Depay, atacante do clube, para comentar sobre a pressão da torcida adversária.

Já joguei em ginásios com 10 mil pessoas gritando. Eu aprendi a trazer isso pra mim. A torcida adversária só me dá mais gás pra querer fazer eles ficarem quietos na casa deles.

Tipo Memphis Depay (imitando a comemoração do jogador do Corinthians, que faz o gesto se cego e surdo ao mundo, para focar em sua melhor versão, sem distrações).

Agora, o Vôlei Renata precisa exatamente disso: silêncio em Joinville. Para isso, a equipe precisa vencer no próximo domingo (13), fora de casa. Se conseguir, a decisão da vaga na semifinal será no dia 17, novamente no Ginásio do Taquaral.

Se depender da liderança de Judson e da união do grupo, o time de Campinas ainda está longe de dizer adeus à temporada.

Quando a gente vai bem, vai muito bem. Agora é manter a cabeça no lugar, confiar no trabalho e jogar o nosso jogo.

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Autor Eric Filardi

Coordenador do Esportelândia desde 2021, é jornalista pós-graduado em Jornalismo Esportivo. Autor do livro “Os Mestres do Espetáculo”, que está na biblioteca do Museu do Futebol de São Paulo. Passou por Jovem Pan, Futebol na Veia e PL Brasil.